Muita gente me ajudou, nossa, sou extremamente grata a meus amigos, pais, cachorro - Suzy sempre me fazendo companhia e me olhando com aquela cara de 'eu sei... num é porque a gente não fala a mesma língua que eu não te entendo; tô aqui pra você, viu?' Ninguém botava fé que eu ficava + de 1 mês no Arizona. 'Dou 2 semanas' falou mamãe, 'mas você me encheu tanto o saco pra ir, já gastei o que tinha de gastar e agora você vai, nem que seja pra provar que eu estava certa. E eu fui, e não foi fácil. Mas minha vontade de me provar pra quem não acreditava em mim e pra mim mesma era grande; um sentimento de 'não vou desperdiçar essa oportunidade, aguento firme, choro calada à noite, mas vou estudar, e digo mais, vou me formar por aqui mesmo que não quero saber de voltar pro 3º ano quando voltar pro Brasil'. E assim foi. Valeu cada lágrima, cada cara inchada, cada falta de abraço. Fiz amigos maravilhosos, aprendi o que de repente eu jamais aprenderia no aconchego e proteção do meu lar. Estudei biologia na prática, abrindo sapo e minhoca (que já tavam mortos, ok? ;-/), puxei pra aprender uma física e matemática desconhecidos, história e governo americanos dos quais eu não tinha a mínima idéia; inglês IV numa turma só de mexicanos e qual não foi minha surpresa em ver que, mesmo aquelas pessoas tendo morado suas vidas inteiras pora ali, muitas não falavam inglês o suficiente pra acompanhar bem as lições; fotografia digital, cerâmica, soft ball... até o ROTC me adotou, experiência que dá um post à parte. Tive mestres incríveis, que liam o meu olhar e paravam pra conversar comigo no final da aula, certos de que algo não estava bem: Mr. Bremser tão risonho e sério quando queria, com o melhor abraço de urso! Mr. Pope, meio malandro e tão compreensivo por também não pertencer àquele lugar - mesmo sendo americano de nascimento. Col. (= Coronel) Anderson, que eu não conseguia entender como era militar com aquele coração enorme, gentileza e bom humor - além de Sg. Harvey e faltou uma =#, tão inacreditáveis quanto. Esses me fizeram uma sacanagem grossa, me nomeando 'estudante do mês' uma vez, e me pegaram logo no dia que tinha que usar farda pra botar no jornal da escola ¬ ¬... A sra. prof. da aula de cerâmica, que me dava um 'C' pelo atraso na entrega das peças, mas um 'A+' pela "arte" - daí a média ficava geralmente um 'B' ^^. O sr. da aula de governo ao qual eu não me dobrei pra usar sainha e sentar na frente só pra ganhar nota boa... oras! Ganhei da favoritinha no debate só na raça mesmo; safado, mas tinha o coração bom, bem à vontade na sala, a aula era uma farra! (o que me lembra o CCAA com Douglas =P) Fotografia digital, o prof. só tinha tamanho, mas suas fotos eram de uma baita sensibilidade.
Fui em cavernas, observatório da NASA, museu do deserto, museu espacial, museu da história do Arizona - o 'Gerônimoooo!!' era de lá! Grand Canyon 2x - no verão e no inverno, quando conheci a dona neve, e foi paixão à primeira vista quando a vi à noite caindo no vidro do carro. Jogo de beisebol - e vivam os Diamond backs!! - de futebol em Phoenix - Go Cardinals!! Andei por tudo quanto foi canto naquele estado, fora um pouco da Califórnia e norte do Méximo, o que eu gosto de chamar de 'meu intercâmbio 2 pelo preço de 1'.
(Lugares por onde passei de 2003-2004; ficaram faltando algumas que não apareceram no mapa, como Tubac, cidade de artistas aposentados, lindona! Lembra Pipa - só que sem as praias).
Fora os amigos, ô! De várias nacionalidades: Marie do Japão (a + próxima, tão talentosa, companheira e engraçada!), Fanny da França (doce e sorridente), Moni e Maggie (com seus humores negros :P), americanas, Sagrario (só de olhar pra ela, eu me acalmava, de uma sabedoria e agradabilidades incríveis) e Carlos (primo dela, cara super inteligente, tímido, compreensivo e cavalheiro) e Melissa (louca, simpática e linda por dentro e por fora!! e sua família tão acolhedora que me ensinou as bases da culinária mexicana e como s deve receber uma pessoa em sua casa - e eu tentei ensinar samba...) e Érica (tão reconfortante) com descendências mexicanas. Tantos colegas que me faziam dar tanta risada! Davi, Javier, Nely e a Menina-da-papinha-de-maçã.. os tímidos, com quem eu me identificava - Mário, Arlete..
As 4 famílias: Diane (louca) e Michael (calmo, mas implacável); os Larivas (mãe noiada, pai brincalhão, filha indiferente (17), filhos Kenny (14) mto legal e Eric (5) a coisa.+.fofa.do.mundo! (me deu uma caixa de Jelly Beans com 50 sabores no Natal =~~}); Gail (tão nem aí, prof. de Ciências numa escola de 5a-8a série, minha orientadora do 'senior project', pessoa fácil de se conviver), Terry (trabalhava na fronteira, vivia me ameaçando-de-brincadeira kkkk! fazia um churrasco como poucos! nham nham) e Cristal (minha pseudo-rimã de 13 anos e já maior que eu, que foi despropriada de seu quarto, mas nem se importou, toda espivitada, uma onda! brincava de 'catch' comigo preu treinar meu softball); e Vanessa e Elise Rothstein (tia/prima de Daniel, que até hoje me chama de prima! amigo, sincero, inteligente e louco! tá poraí, viajando o mundo, acho q no momento no Afeganistão: coragem)... Vanessa tão doce, me dava beijo de boa noite e me cobria, Elise, tímida mas tão bacana, me deu seu próprio quarto de tão bom grado e dividiu seus amigos comigo, bem como seus animais de estimação Oreo, Fudge (cadelinhas pequena e enorme!) e Kitty (a gatinha, que por preguiça ficou se chamando 'Gatinha' mesmo =P).
E valeu. MUITO.
Achei que nunca + voltava presse país p/morar, mas findei caindo nessa possibilidade, que me tirou dum marasmo sem fim de fim-de-curso. Estudei, fiz provas, fui pra lá e pra cá - não tinha me dado conta do trabalho que minha família tinham tido pra me mandar pro Arizona, ufa.. Dessa vez o destino era Nova Jersey, "quintal" de Nova York (+ou- a mesma relação de PE-PB, a qual não concordo em nenhum dos casos, claro!!), pra tentar mestrado. Muita gente dizia que eu tinha coragem, muita também que eu era louca ir sem nada certo. Meu próprio corpo estava contra e tentou me sabotar dia(s) antes do embarque, mas minha família e eu teimamos e eu vim. Tive muitos momentos complicadíssimos, várias coisas deram errado - eu nunca pensava se 'isso E isso derem errado' e sim 'se isso OU aquilo der..' me deprimi, mas não queria entregar os pontos; não queria ficar, mas também não queria ir assim, me sentindo fracassada. Foi quando um conjunto de conversas, leituras, filmes e músicas certas me fizeram cair no 'eu não posso controlar todos os fatores que cercam meu destino aqui, mas posso decidir encarar esses fatores e fatos de forma diferente'. E dei uma guinada na vida. É incrível como, com a atitude certa as coisas acontecem MESMO. Chame de otimismo, lei da atração, fé, reações em cadeia, o que seja, tava dando certo. Eu que sempre tive gente dividindo apto comigo era agora a inquilina, e tive o gosto amargo de como difícil pode ser. Apesar da luta, os mestrados não deram certo, um eu nunca tive resposta apesar de insistir, o outro ficou subentendido que eu seria aceita, só que não consegueria pagar o 1º semestre pra ser elegível p/ a bolsa a partir do 2º. Fazer oq? Ir embora? Sim, mas não antes de aproveitar um pouco! Consegui um trabalho melhor, com um cara arretado de Fortaleza que, não sei por que, confiou em mim de cara e me ofereceu emprego na loja dele. Quando não era muito estressante, era super divertido andar de bicicleta pelo centrão de Manhatan! Emagreci horrores! E peguei uma cor p/ não chegar no Brasil americanizada hahaha. Com 2 semanas veio o convite de ser responsável por uma loja, como tava precisando pagar meu cartão, aceitei e comecei a andar ajeitadinha ^^.
Apesar do otimismo, alguns fatores a gente não controla mesmo, e tive uma recaída. Ouvi 'lhe avisei p/ você não ir, não me ouve...'. Não reclamo +, porque, assim como quando estive no Arizona, valeu à pena! Tudo que eu não cresci como pessoa ds 18 aos 24, cresci nos 25 (em estatura não né). Sempre dizia que não sabia viver, nunca soube ir atrás do que queria, aliás, saber o que eu queria já era uma dificuldade. 'Não se cria não..' era o que eu dizia pra mim mesma. Só estando longe de quem gosto, de quem sempre cuidou de mim e me protegeu; só estando fora de um ambiente familiar e não tendo ninguém pra te ajudar a resolver nada foi que, na marra, eu aprendi a 'me criar'. Aprendi como era feliz apesar de qualquer pesar na Paraíba, que terra linda! De gente boa! Clima, lugares, comidas e sentimentos maravilhosos! Aprendi a aproveitar NY, NJ e Washington-meu-amor! Tô voltando, não vou dizer + forte no momento, mas agora acreditando + em mim, sabendo que quando eu quero mesmo, eu consigo muita coisa, que há + capacidade e força de vontade do que eu imaginei nesses 1 metro e meio de guria.
Agora volto pra minha terra e pessoas tão queridas, com a alma lavada, a esperança e coragem renovadas, como era o meu plano original :) Pelo menos isso eu consegui.
(ainda não acredito que dividi paisagem com essa vista.. vou ter saudades)