segunda-feira, 3 de outubro de 2011

MaRa.Ao.AvEsSo

Esse era um nick de alguma coisa, Mirc talvez, não lembro bem, mas usei por um tempo considerável numa época muito complicada da minha vida, início de 2003. Tava de viagem marcada pro Arizona, era o último ano no colégio e eu não ia me formar com minha turma, boa parte me acompanhando desde a 5a série. Minha rotina já tinha mudado totalmente de 2002 p/ 2003, com o fim do estágio no Banco do Nordeste, o fim do Roacutan e a continuação de seus efeitos colaterias, o melhor amigo/namorado que se muda pra Brasília... as melhores amigas também não estavam + por lá. Eu só tinha 6 meses pra me aprumar, virar gente, botar minha cabeça em ordem pra enfrenter + uma onda de mudanças que viria.

Muita gente me ajudou, nossa, sou extremamente grata a meus amigos, pais, cachorro - Suzy sempre me fazendo companhia e me olhando com aquela cara de 'eu sei... num é porque a gente não fala a mesma língua que eu não te entendo; tô aqui pra você, viu?' Ninguém botava fé que eu ficava + de 1 mês no Arizona. 'Dou 2 semanas' falou mamãe, 'mas você me encheu tanto o saco pra ir, já gastei o que tinha de gastar e agora você vai, nem que seja pra provar que eu estava certa. E eu fui, e não foi fácil. Mas minha vontade de me provar pra quem não acreditava em mim e pra mim mesma era grande; um sentimento de 'não vou desperdiçar essa oportunidade, aguento firme, choro calada à noite, mas vou estudar, e digo mais, vou me formar por aqui mesmo que não quero saber de voltar pro 3º ano quando voltar pro Brasil'. E assim foi. Valeu cada lágrima, cada cara inchada, cada falta de abraço. Fiz amigos maravilhosos, aprendi o que de repente eu jamais aprenderia no aconchego e proteção do meu lar. Estudei biologia na prática, abrindo sapo e minhoca (que já tavam mortos, ok? ;-/), puxei pra aprender uma física e matemática desconhecidos, história e governo americanos dos quais eu não tinha a mínima idéia; inglês IV numa turma só de mexicanos e qual não foi minha surpresa em ver que, mesmo aquelas pessoas tendo morado suas vidas inteiras pora ali, muitas não falavam inglês o suficiente pra acompanhar bem as lições; fotografia digital, cerâmica, soft ball... até o ROTC me adotou, experiência que dá um post à parte. Tive mestres incríveis, que liam o meu olhar e paravam pra conversar comigo no final da aula, certos de que algo não estava bem: Mr. Bremser tão risonho e sério quando queria, com o melhor abraço de urso! Mr. Pope, meio malandro e tão compreensivo por também não pertencer àquele lugar - mesmo sendo americano de nascimento. Col. (= Coronel) Anderson, que eu não conseguia entender como era militar com aquele coração enorme, gentileza e bom humor - além de Sg. Harvey e faltou uma =#, tão inacreditáveis quanto. Esses me fizeram uma sacanagem grossa, me nomeando 'estudante do mês' uma vez, e me pegaram logo no dia que tinha que usar farda pra botar no jornal da escola ¬ ¬... A sra. prof. da aula de cerâmica, que me dava um 'C' pelo atraso na entrega das peças, mas um 'A+' pela "arte" - daí a média ficava geralmente um 'B' ^^. O sr. da aula de governo ao qual eu não me dobrei pra usar sainha e sentar na frente só pra ganhar nota boa... oras! Ganhei da favoritinha no debate só na raça mesmo; safado, mas tinha o coração bom, bem à vontade na sala, a aula era uma farra! (o que me lembra o CCAA com Douglas =P) Fotografia digital, o prof. só tinha tamanho, mas suas fotos eram de uma baita sensibilidade.

Fui em cavernas, observatório da NASA, museu do deserto, museu espacial, museu da história do Arizona - o 'Gerônimoooo!!' era de lá! Grand Canyon 2x - no verão e no inverno, quando conheci a dona neve, e foi paixão à primeira vista quando a vi à noite caindo no vidro do carro. Jogo de beisebol - e vivam os Diamond backs!! - de futebol em Phoenix - Go Cardinals!! Andei por tudo quanto foi canto naquele estado, fora um pouco da Califórnia e norte do Méximo, o que eu gosto de chamar de 'meu intercâmbio 2 pelo preço de 1'.

(Lugares por onde passei de 2003-2004; ficaram faltando algumas que não apareceram no mapa, como Tubac, cidade de artistas aposentados, lindona! Lembra Pipa - só que sem as praias).

Fora os amigos, ô! De várias nacionalidades: Marie do Japão (a + próxima, tão talentosa, companheira e engraçada!), Fanny da França (doce e sorridente), Moni e Maggie (com seus humores negros :P), americanas, Sagrario (só de olhar pra ela, eu me acalmava, de uma sabedoria e agradabilidades incríveis) e Carlos (primo dela, cara super inteligente, tímido, compreensivo e cavalheiro) e Melissa (louca, simpática e linda por dentro e por fora!! e sua família tão acolhedora que me ensinou as bases da culinária mexicana e como s deve receber uma pessoa em sua casa - e eu tentei ensinar samba...) e Érica (tão reconfortante) com descendências mexicanas. Tantos colegas que me faziam dar tanta risada! Davi, Javier, Nely e a Menina-da-papinha-de-maçã.. os tímidos, com quem eu me identificava - Mário, Arlete..

As 4 famílias: Diane (louca) e Michael (calmo, mas implacável); os Larivas (mãe noiada, pai brincalhão, filha indiferente (17), filhos Kenny (14) mto legal e Eric (5) a coisa.+.fofa.do.mundo! (me deu uma caixa de Jelly Beans com 50 sabores no Natal  =~~}); Gail (tão nem aí, prof. de Ciências numa escola de 5a-8a série, minha orientadora do 'senior project', pessoa fácil de se conviver), Terry (trabalhava na fronteira, vivia me ameaçando-de-brincadeira kkkk! fazia um churrasco como poucos! nham nham) e Cristal (minha pseudo-rimã de 13 anos e já maior que eu, que foi despropriada de seu quarto, mas nem se importou, toda espivitada, uma onda! brincava de 'catch' comigo preu treinar meu softball); e Vanessa e Elise Rothstein (tia/prima de Daniel, que até hoje me chama de prima! amigo, sincero, inteligente e louco! tá poraí, viajando o mundo, acho q no momento no Afeganistão: coragem)... Vanessa tão doce, me dava beijo de boa noite e me cobria, Elise, tímida mas tão bacana, me deu seu próprio quarto de tão bom grado e dividiu seus amigos comigo, bem como seus animais de estimação Oreo, Fudge (cadelinhas pequena e enorme!) e Kitty (a gatinha, que por preguiça ficou se chamando 'Gatinha' mesmo =P).



E valeu. MUITO.
Achei que nunca + voltava presse país p/morar, mas findei caindo nessa possibilidade, que me tirou dum marasmo sem fim de fim-de-curso. Estudei, fiz provas, fui pra lá e pra cá - não tinha me dado conta do trabalho que minha família tinham tido pra me mandar pro Arizona, ufa.. Dessa vez o destino era Nova Jersey, "quintal" de Nova York (+ou- a mesma relação de PE-PB, a qual não concordo em nenhum dos casos, claro!!), pra tentar mestrado. Muita gente dizia que eu tinha coragem, muita também que eu era louca ir sem nada certo. Meu próprio corpo estava contra e tentou me sabotar dia(s) antes do embarque, mas minha família e eu teimamos e eu vim. Tive muitos momentos complicadíssimos, várias coisas deram errado - eu nunca pensava se 'isso E isso derem errado' e sim 'se isso OU aquilo der..' me deprimi, mas não queria entregar os pontos; não queria ficar, mas também não queria ir assim, me sentindo fracassada. Foi quando um conjunto de conversas, leituras, filmes e músicas certas me fizeram cair no 'eu não posso controlar todos os fatores que cercam meu destino aqui, mas posso decidir encarar esses fatores e fatos de forma diferente'. E dei uma guinada na vida. É incrível como, com a atitude certa as coisas acontecem MESMO. Chame de otimismo, lei da atração, fé, reações em cadeia, o que seja, tava dando certo. Eu que sempre tive gente dividindo apto comigo era agora a inquilina, e tive o gosto amargo de como difícil pode ser. Apesar da luta, os mestrados não deram certo, um eu nunca tive resposta apesar de insistir, o outro ficou subentendido que eu seria aceita, só que não consegueria pagar o 1º semestre pra ser elegível p/ a bolsa a partir do 2º. Fazer oq? Ir embora? Sim, mas não antes de aproveitar um pouco! Consegui um trabalho melhor, com um cara arretado de Fortaleza que, não sei por que, confiou em mim de cara e me ofereceu emprego na loja dele. Quando não era muito estressante, era super divertido andar de bicicleta pelo centrão de Manhatan! Emagreci horrores! E peguei uma cor p/ não chegar no Brasil americanizada hahaha. Com 2 semanas veio o convite de ser responsável por uma loja, como tava precisando pagar meu cartão, aceitei e comecei a andar ajeitadinha ^^.

Apesar do otimismo, alguns fatores a gente não controla mesmo, e tive uma recaída. Ouvi 'lhe avisei p/ você não ir, não me ouve...'. Não reclamo +, porque, assim como quando estive no Arizona, valeu à pena! Tudo que eu não cresci como pessoa ds 18 aos 24, cresci nos 25 (em estatura não né). Sempre dizia que não sabia viver, nunca soube ir atrás do que queria, aliás, saber o que eu queria já era uma dificuldade. 'Não se cria não..' era o que eu dizia pra mim mesma. Só estando longe de quem gosto, de quem sempre cuidou de mim e me protegeu; só estando fora de um ambiente familiar e não tendo ninguém pra te ajudar a resolver nada foi que, na marra, eu aprendi a 'me criar'. Aprendi como era feliz apesar de qualquer pesar na Paraíba, que terra linda! De gente boa! Clima, lugares, comidas e sentimentos maravilhosos! Aprendi a aproveitar NY, NJ e Washington-meu-amor! Tô voltando, não vou dizer + forte no momento, mas agora acreditando + em mim, sabendo que quando eu quero mesmo, eu consigo muita coisa, que há + capacidade e força de vontade do que eu imaginei nesses 1 metro e meio de guria.

Agora volto pra minha terra e pessoas tão queridas, com a alma lavada, a esperança e coragem renovadas, como era o meu plano original :) Pelo menos isso eu consegui.

(ainda não acredito que dividi paisagem com essa vista.. vou ter saudades)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

'NY.' 'NY? What about NY?'

(After Irene decided to adbicate of the hurricane life to be a tropical storm. The duck and I enjoyed to finnaly take a walk out.)

I never thought this place was for me. I remember to say 'What a waste, a person like me be going there. That's a place for aspiring performers, fashionists, someone with a big dream to be in the spotlight, to be seen and heard; and specially a place for someone with attitude, strengh and persistence to persue whatever it is that they want to achieve. I had no such things.

I'm shy, I can't sing, dance or act. I'm in the sciences department and I'm not great, not sure if I'm even good enough. I've never really tried to my full potential my whole life. Sometimes I'd try, sometimes I would just be lazy. I don't have that constant drive that get people somewhere; I'm not even sure where is that somewhere I want to be, so why go there? To be honest, after all the arrangements were made, I felt myself being pulled back, my whole body pointing to the opposite way. But I knew I had to go. I needed change, I needed to shake my inertia, to be put in stress, to be as much on my own as I could to try to finally try to feel the adult life has been expecting me to be for a while now. I'm not a person of favorites: color, band, movie... I was always in between shades, undecided, not many things would make my blood boil, my soul shake and awake a drive in me to persue that. So, when something does poke my drive, and I see myself with making - and most importantly executing - plans, I'd go for it. So I did, here I am.
(The Naked Cowboy at Times Square, as Manhatanish as the Chrysler Building. Everybody's got a talent.)


At first I'd get annoyed at the 'I S2 NY' souveniers, VERY. It's so cliche to love a place like this... just because it's big and crowded, full of neon lights, night life, tourist attractions, all the famous brand stores... I don't fall for that. Sure I was curious to see in person all the sights I've been seing my whole life in movies, series and news, like Central Park, Times Square, the Statue of Liberty, the Empire State Building, the George Washington bridge... Sure I was excited to visit the museums with all the famous painters, to watch a Broadway show, to hope to bump into a celebrity, to go to a nice concert, to taste different things and meet different people. But that was not enough to grow love in me, as to love sth/sb, we have to love the good and the bad. And there's a lot of bad: The dirt - specially in the subways, with a side of rats -, the lines, the noise, the high prices, the very fast pace of life, the indiference of the new yorkers towards outsiders - unless they're hoping to sell you something, but even then -, the distances... All of those were having a great importance; greater than the good ones.





(Went on a rainy day in an attempt to avoid the huge tourist lines; they thought the same thing.)


I felt an enormous pressure to S2 NY, (aahhhh!!) why couldn't I? I was hiding just not to have to lie to people. Everything was deteriorating, plans A, B, C... I was going through the whole alphabet, making up letters and plans, trying so many different things, being stubborn: 'I can't go yet. I hate it, I don't want to stay, but I don't want to go either... yet.' I was feeling defeated, beated by the city I was supposed to love, the city of opportunities. When will I get mine? By that time I was hiding from frustration also. If I don't try anything, I won't fail anything. Right? I wouldn't dare to put those feelings into a sentence in my head, but that's what I was doing, for months. It was hard to do nothing productive at all, it took energy and planning: 'Ok, from 8to11 there will be this in channel 44; then at 12 there will be that there; the afternoon will be easy, the recap marathon will save my life!' Like they say, it's a day at a time... a day at a time can make you do things you never thought you would - for the good or the bad -, a day at a time creates a habit, and that's all we need; then the laws of physics will do the rest.

 It took me pop songs, lots of misery, boredom and just the right talk with someone to realize the problem relied with me all along - yeah, yeah, the economy is bad, I'm an unexperienced nobody, I don't speak spanish... BUT 'I' was what was most wrong in the equation. 'Did I really want?' 'Not anymore...' 'Was I really trying?' 'Not really... not everything.' 'Did I believe in myself?' 'Pff, of course not...but I was innocently hoping someone would'. The hiding did me good in the way that allowed no one to really know what was going on with me, if I was happy, sad or sadder; my deadlines; my frustrations; I really needed to be the only one with the power to rule, to decide; I really needed to fail and to be the only one to blame for that, no transfering the guilt. I do love my family and friends, and I am so very gratefull for their care; but everytime I spoke with someone in the first months, it crushed me mainly not to have good news, and not to be there with them.

(The persistence of memory, by Salvador Dali, 1931 - photographed at MoMA)




It was when I gave up that I got what I needed to get back in the game: Having no more expectations was liberating! I already felt on rock bottom, so there was no way to go but up. Also, the hiding did me good, having no one to report to made it so much easier to take the defeats, to put myself together, to make the decisions, to go out there without barriers, the risk of judgment, advices or concern. Everything changed, and so fast. I've been having the best time, making friends, a little money, making my life happen. Seeing things through different eyes and finding all the bright collors I couldn't before. All I needed was the right attitude. This city is so competitive and rispid, it really doesn't care about you; and why should it?! There are SO many people here, from SO many different places, really, the most difficult thing to find is a born and raised NYorker. I always wondered why people would travel from so far to the huge capitals. 'Haven't you heard it's already too crouded here?? Go somewhere else! There's no room for you!' It won't have mercy, it will eat your fragile soul for lunch. And that's why it became lovable for me afterall! Because it's just like my mother: instead of conforting and baking me cookies, it'll force me to go out there and prove myself, do the best I can, to not take 'no' for an answer, to compare myself to the best and always feel like I have to improve, instead of comparing to the worst and feeling confortable. The city puts you to the test: 'Do you really want this? How much do you want it? Is it your dream? Prove it or leave it.'

(I believe to be George Washington, at Wall Street)

Yes, I want it and I'll make it happen, cause no one else will! I'm still persuing my dream, just not in NYC anymore. What I want from it now is to enjoy, to be the goofy tourist I didn't allow myself to be! To take pictures (and actually be in them), to buy souveniers (with the excuse that they're for sb else, of course), to count my pennies and gear up with whatever I can't find where I'm going to (or at least not for a fair price). I've realized what I already knew: this is no good place for a scientist - at least not for this one -; for a business man, artist, tourist, definetly! This city has shaped me into what I needed to be, it gave me friends, experiences that I haven't had anywhere before, a little bit more style ;), insonia (collateral damage)... I feel
completly happy and proud of what I've had here. I've been really enjoying my affair with NY these days but, indeed, I'm ready to go, my heart is in peace, already full of plans and a new direction. And this time, I'll know better than if I had never come here.


NYC taught me that beauty will come from unthinkable places; you never know what there will be in the next corner; you've just gotta keep walking.

Damn it, I S2 NY.
(there, I said)